Há desinformação e desarticulação. Mas está no ar uma rede nacional, uma biblioteca e um sistema para gerenciamento local.
Anamárcia Vainsencher
Foto da exposição “Humanizando Relações”, com imagens produzidas por pacientes, familiares e profissionais de saúde, no Ministério da Saúde e em 14 hospitais
No Brasil, é rico o histórico de boas idéias e iniciativas criativas.
Sua continuidade, a disseminação e a consolidação de informações é que
são elas. Na saúde, sabe-se da necessidade de mecanismos de informações
para melhoria do sistema, tanto é que a Rede Interagencial de
Informações para a Saúde (Ripsa), formada em 96, ainda não atingiu suas
metas, de acordo com análise do próprio Datasus (Departamento de
Informática do Sistema Único de Saúde). A rede surgiu de uma parceria
entre o Ministério da Saúde e a Organização Panamericana de Saúde
(Opas), para produzir e publicar informações para formulação, gestão e
avaliação de políticas públicas de saúde.
De acordo com a análise do Datasus, ainda são necessários esforços para
consolidar os resultados obtidos na Ripsa e conduzir, gradativamente,
“a mudanças comportamentais e estruturais capazes de superar
dificuldades institucionais que são inerentes à instabilidade
político-administrativa do setor de saúde brasileiro.” De qualquer
forma, a rede está no ar e conta com um espaço compartilhado (um twiki)
para os profissionais que a integram. Esse ambiente virtual favorece a
comunicação interna para a formulação de propostas, bem como a sua
documentação, na Biblioteca Virtual em Saúde Pública – Brasil (BVS).
A BVS é um repositório de dados, com cerca de 13 milhões de referências. Como as informações estão online,
a Saúde, com governos locais, está abrindo unidades da Estação
Biblioteca Virtual em Saúde (Estação BVS) – local com computadores para
acesso livre dos usuários a informações geradas por instituições do
Sistema Único de Saúde (SUS) e acadêmicas, publicas na BVS Brasil. As
Estações BVS já estão em 22 estados.
O portal do Ministério da Saúde, contudo, ajuda pouco na busca de
informações — parece uma colcha de retalhos. Mas há sistemas que
funcionam, como o de Informações de Mortalidade (SIM), e o GIL –
Gerenciamento de Informações Locais, disponível no portal do Datasus.
Como a adesão ao GIL é voluntária, ninguém sabe quem o utiliza, nem se
atende às necessidades para as quais foi criado. Nem sobre plataformas
de desenvolvimento há consenso. Enquanto o GIL foi feito em sistema
proprietário, outro, com o qual se conecta, o Integrador, está em
código aberto.
Quanto à construção de telecentros da saúde, a primeira iniciativa foi
em 2004, na 12ª Conferência Nacional de Saúde, para atender os cerca de
3 mil participantes. A idéia foi retomada pelo Datasus em 2005, para
implementação em hospitais públicos. Uma proposta para o Hospital Geral
de Bonsucesso, no Rio, não foi adiante, porque mudou a direção do
hospital e a do Datasus.
Em abril, o ministro Hélio Costa anunciou a intenção de conectar 1,7
mil instituições de saúde (hospitais, postos, centros de atendimento) à
internet banda larga, atendendo cerca de 20 milhões de pessoas. A
proposta, elaborada com o Ministério da Saúde, é utilizar R$ 360
milhões do Fust (Fundo de Universalização dos Serviços de
Telecomunicações). Com isso, espera-se ampliar os programas PSF (Saúde
da Família) e o PACS (Agentes Comunitários de Saúde), do Ministério da
Saúde.
www.saudepublica.bvs.br — Biblioteca Virtual de Saúde Pública
www.saude.gov.br/bvs — Biblioteca Virtual de Saúde
http://bvsms.saude.gov.br/bvs/estacao/bvs.html – Projeto Estação Biblioteca Virtual de Saúde