Tecnologia para aprender mais e melhor
Recursos tecnológicos aceleram o aprendizado e melhoram desempenho escolar de alunos do Piauí
Célia Demarchi
ARede nº75 novembro de 2011 – Juntar tecnologia, boa didática e envolvimento da comunidade é uma receita infalível para melhorar a qualidade de ensino. O projeto Aprendendo com Tecnologia, baseado nesses três ingredientes, comprovou: no pequeno município de José de Freitas, de pouco mais de 37 mil habitantes, situado entre a caatinga e o cerrado piauiense, os estudantes de rede pública estadual da cidade, do segundo ao quinto ano do ensino fundamental, deixaram para trás o Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) de 3,3 e alcançaram 4,4, a meta projetada para 2017. Entre os alunos da rede municipal dos mesmos anos, o Ideb saltou de 2,8 para 3,4, a meta estabelecida para 2013.
As escolas beneficiadas pelo projeto – implantado em parceria entre a prefeitura, o governo do Piauí e a empresa Positivo – , receberam um conjunto de soluções tecnológicas (ver página 35) desenvolvidas e doadas pela Positivo. A empresa também se encarregou da rede lógica e treinou educadores e monitores (um por escola). Estado e município construíram ou reformaram salas de aula, equipando-as com ar condicionado.
Com a experiência em José de Freitas, a Positivo pretendia demonstrar que seu conjunto de soluções, comumente utilizadas por instituições de ensino privadas, funciona também em outro contexto educacional. Assim, pinçou a cidade de uma lista de municípios com os menores índices de Ideb, levando em conta ainda a possibilidade de abranger a totalidade dos estudantes matriculados do segundo ao quinto ano na rede pública. José de Freitas fica a 48 quilômetros de Teresina. No início do projeto (março de 2009 nas escolas municipais e julho do mesmo ano nas estaduais), contabilizava 2.156 alunos matriculados dos anos selecionados, em onze escolas públicas.
Além de baixo Ideb, a cidade tem um dos menores Índices de Desenvolvimento Humano (IDH) do país, de 0,625 no ano 2000. O PIB per capita também é minúsculo, de R$ 2.156, em 2005, de acordo com o IBGE. De seus habitantes, 70% são beneficiários do Programa Bolsa Família do governo federal. É um ambiente altamente propício à evasão escolar, pois a pobreza força as famílias à peregrinação em busca de oportunidades de trabalho.
Uma das primeiras ações do Aprendendo com Tecnologia mirou os 180 professores e gestores, que passaram por uma formação de 690 horas. Esses profissionais também começaram a receber acompanhamento pedagógico de dois coordenadores e um monitor por escola.
O novo sistema logo demonstrou que grande parte dos alunos não sabia ler e apenas desenhava as letras, copiando o enunciado dos problemas no espaço para respostas das provas, sem compreender a pergunta. Com os novos recursos, o índice de alfabetização aumentou em média de 50% para 80%, além de o processo ter-se acelerado. “Os alunos ficaram mais interessados, empolgados mesmo, as notas melhoraram, diminuiu a defasagem, e a gente aprendeu a programar as aulas”, diz Maria dos Remédios Ferreira de Carvalho, de 48 anos (25 no magistério), que leciona para o quarto e o sexto anos na Escola Municipal Filomena Alves.
De fato, as soluções forçaram os professores a adotar um hábito que antes não tinham, que se reflete diretamente na qualidade do aprendizado: planejar as aulas. Até porque a tecnologia tem de ser adequadamente manobrada para liberar os conteúdos. Ao planejar, os professores passaram a ter objetivos mais claros, dimensionados para cada aula, o que possibilitou resultados mais imediatos e palpáveis.
Outro efeito notável do projeto foi a redução da repetência e da evasão. Esses índices alcançavam, na Unidade Escolar Levy de Carvalho (estadual), 50% e 16%, respectivamente. Em 2010, a reprovação foi quase nula, assim como a evasão. Para Elaine Guetter, diretora executiva da divisão de tecnologia educacional da Positivo, o grande diferencial do Aprendendo com Tecnologia em José de Freitas foi o envolvimento da comunidade: “Isso é bem diferente de apenas entregar um pacote de soluções tecnológicas”. Elaine explica que os monitores, responsáveis por acompanhar o andamento do projeto nas escolas, foram recrutados na própria comunidade. E vários pais dos estudantes, ao perceber que a escola melhorou, retomaram os estudos, matriculando-se em cursos noturnos. Para ela, a sustentabilidade do projeto passa pelo apoio da comunidade e pelo aprendizado dos professores, mas depende principalmente dos poderes públicos.
www.positivoinformatica.com.br/te
Equipamentos e recursos na sala de aula
Mesa Educacional Alfabeto – Encaixando blocos coloridos identificados com as letras do alfabeto em módulo eletrônico, os alunos aprendem a construir palavras, ler e interpretar textos.
Mesa Educacional E-Blocks Matemática – Encaixe, em módulo eletrônico, de blocos coloridos identificados com números, quantidades, formas geométricas e símbolos.
Portal Aprende Brasil – Tem ferramentas de busca, produção e publicação, recursos multimídia, enciclopédia, simuladores, conteúdo seguro e atualizado.
Lousa Interativa – Tela magnética e caneta que interagem com o computador, permitindo fazer anotações nos conteúdos e operar qualquer software em funcionamento, além de apresentar e editar imagens, rodar vídeos e navegar na internet.
Aprimora – Combina atividades interativas multimídia, sugestões de atividades para o professor e modelos de avaliações periódicas de Matemática e Língua Portuguesa.
Max Câmera – Possibilita que professores e alunos captem e projetem em telão, TV ou monitor imagens de livros, fotografias, slides ou qualquer impresso com alta qualidade e fidelidade de cores
Hardware – Netbook, desktop para alunos usarem em duplas, notebook do professor, gabinete para armazenar e carregar as baterias, impressora multifuncional, projetor.
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