Notícia, uma utilidade pública
Portal do canal público de TV e rádio do Brasil amplia audiência com interatividade
Rafael Bravo Bucco
ARede nº 94 – especial novembro de 2013
O portal EBC foi ao ar, para testes, no dia 16 de julho de 2012. O lançamento oficial do site aconteceu três meses depois. O pouco tempo que durou a versão beta foi um indício de que as arestas eram poucas; e a demanda, muita. Com recursos de interatividade e conteúdos multimídia, o portal assumiu a missão de integrar a produção dos veículos da Empresa Brasileira de Comunicação (EBC), responsável pelos canais públicos de TV e rádio do Brasil, e zelar também pela comunicação pública na web. Nos últimos doze meses, alcançou a marca de 10 milhões de visitantes únicos e um total de 16,5 milhões de visualização de páginas.
São sete canais: Notícias, Cidadania, Educação, Esportes, Tecnologia, Cultura e Infantil. Entre os conteúdos há vídeos, áudios, textos, fotos e infográficos. Em termos jornalísticos, o site se propõe a esclarecer o visitante sobre os temas em debate no momento. “No auge das manifestações que aconteceram em todo o Brasil, em junho, o portal produziu o Entenda a PEC 37, com informações para que as pessoas formassem suas próprias opiniões frente uma das principais reivindicações dos protestos”, diz Ricardo Negrão, superintendente de comunicação multimídia, responsável pelo portal.
Entre os temas de serviço abordados no último ano, um dos destaques foi a cobertura do Enem. Foram veiculadas reportagens a respeito da prova, debates sobre matérias e bate-papos entre educadores e candidatos. Três chats se dedicaram exclusivamente a dar dicas para a prova. Apelidadas de #EsquentaEnem, as conversas foram visualizadas, em conjunto, por mais de 40 mil pessoas. O interesse pelo assunto fez a EBC aprofundar a cobertura e pensar em novos recursos. “Fomos um dos primeiros portais brasileiros a utilizar a ferramenta hangout, do Google, que permite o bate-papo virtual em tempo real”, relata Negrão.
Em julho deste ano, foi lançado o Questões do Enem, um banco de perguntas em formato de aplicativo online, compatível com qualquer navegador de internet. Para acessá-lo, o leitor deve entrar no canal de Educação (ebc.com.br/educacao). É possível responder às questões das provas anteriores, desde 2009, e obter os resultados imediatamente.
Cada conteúdo do portal é produzido a partir dos objetivos da comunicação pública defendidos pela empresa: contribuir para a formação crítica das pessoas; fazer jornalismo pautado pelo respeito ao cidadão, aos direitos humanos, à liberdade de expressão e ao exercício da cidadania; valorizar as pessoas e a diversidade cultural brasileira.
O desenvolvimento do portal levou seis meses e custou R$ 100 mil, custeados pelo governo federal. A Associação Roquete Pinto ajudou a desenvolver os sistemas e se encarrega da manutenção. Na produção de conteúdos estão alocadas 20 pessoas. Em sistemas, a equipe oscila entre quatro e cinco funcionários, que analisam e melhoram o funcionamento do portal constantemente. O site acaba de ganhar uma área dedicada às rádios nacionais e Rádio MEC. A página da Agência Brasil também passou por reformulação. Estes espaços são preparados para navegação móvel. Falta apenas o portal propriamente, cuja adaptação a dispositivos móveis está sendo projetada.
O portal tem uma editoria de conteúdo colaborativo. Cidadãos, organizações da sociedade civil e coletivos produtores de conteúdos enviam seus materiais, que são publicados após passar pelo crivo de uma curadoria. “Esse é um dos princípios da EBC: garantir não só pelo Conselho Curador, mas também em seus veículos, a participação da sociedade”, ressalta Negrão. O conteúdo colaborativo chega por diversos canais: mídias sociais, blogs, e pela área de participação no portal. Se chega um conteúdo com uma visão unilateral dos fatos, o portal EBC vai ouvir o outro lado. As notícias sobre o Brasil atraem não apenas brasileiros. “São cidadãos de todos os cantos do mundo. O segundo país que mais nos dá acessos são os Estados Unidos”, afirma Negrão. Localmente, a maioria dos leitores é de São Paulo, seguido de Rio de Janeiro e Brasília. O segundo maior público é do Rio de Janeiro e o terceiro, de Brasília.
A gestão é de responsabilidade da equipe de conteúdos multimídia da EBC, sediada na Superintendência de Comunicação Multimídia. A EBC tem um Conselho Curador, com 22 integrantes, 15 da sociedade civil. É a participação da sociedade no Conselho que dá o caráter público e diferencia a EBC de veículos estatais.
A tecnologia por trás do Portal EBC é aberta. O gerenciamento é feito em Drupal, plataforma de código aberto. Todo o conteúdo pode ser compartilhado, curtido ou republicado nas principais redes sociais (Facebook, Twitter e Google +). As matérias têm espaço para comentários, gerenciados por ferramenta Disqus, que também é de código aberto.