Stellarium transforma computador em um planetário.

Software livre, que mostra céu em
3D de modo muito realista, pode aglutinar interessados em fenômenos
celestes e ser usado em projetos de inclusão digital. 
Sérgio Amadeu da Silveira

Encontrei o professor de Astronomia Walmir Cardoso no Fórum
Internacional de Software Livre (Fisl 9.0), em abril, em Porto Alegre.
Ele me mostrou um software
fantástico, que pode ser utilizado para a observação dos astros e para
a aprendizagem das ciências físicas. Fiquei realmente impressionado.
Seu nome é Stellarium e o site oficial é www.stellarium.org.

Stellarium é um software livre que permite você ter um
planetário em seu computador. Ele mostra o céu em 3D  de modo
extremamente realista, como o que é visto a olho nu, com binóculos ou
telescópio. Muitos planetários estão usando o Stellarium. O importante
é que seu telecentro ou sua escola pode utilizá-lo também.

A versão 0.9.1 do Stellarium permite manipular um catálago padrão de
mais de 600 mil estrelas, que pode ser complementado com outras 210
milhões. Ilustrações de constelações foram agregadas ao software,
inclusive com imagens impactantes das nebulosas. A Via Láctea é
apresentada com um elevado grau de realismo, que só é superado pelas
imagens da atmosfera, do nascer e do pôr-do-sol. Os planetas aparecem
com seus satélites e sua órbita simula as suas trajetórias reais.

O Stellarium possui uma interface muito amigável que contém um poderoso zoom e permite controlar o tempo de exposição dos astros. O software que garante scripts
para gravar e reproduzir a própria amostra ou roteiro pelas estrelas
também permite controlar o Telescópio e utilizá-lo de modo muito
versátil.  O Stellarium utiliza o catálogo Hipparcos que contém
120 mil estrelas.

A missão espacial astrométrica Hipparcos, organizada pela Agência
Espacial Européia, lançou um catálogo estelar denominado
Hipparcos.  Segundo a Wikipédia, o satélite Hipparcos esteve em
funcionamento entre novembro de 1989 e março de 1993, permitindo a
obtenção da paralaxe de 118.218 estrelas próximas com uma precisão de
um milissegundo de arco. Paralaxe é um termo muito usado na Astronomia.
Ele representa um modo de medir a distância das estrelas utilizando-se
o movimento da Terra em sua órbita. Permite observar a mudança da
posição angular de dois pontos estacionários, um relacionado ao outro,
quando são vistos por um observador em movimento.

Para rodar o Stellarium é preciso uma placa gráfica capaz de
renderização OpenGL e um bom processador, pois será intensamente
requisitado. OpenGL possui um conjunto de funções que permitem acessar
todos os recursos do hardware
de vídeo, trabalhando o desenho na forma vetorial ou como mapas de
bits, definidos pixel-a-pixel. O Stellarium tem versões para Linux,
MacOSX e Windows. Computadores mais antigos conseguem rodar o software.
Ele já foi testado nas seguintes configurações: Pentium III 800 MHz,
128 Mb RAM, a placa gráfica Intel; AMD K6 400 MHz, 256k de RAM, Nvidia
Gforce2 AGP, DirectX 9.0; Mac 667MHz, rodando no mínimo OSX 10.3.9 ou
qualquer Mac Intel.

Para instalar o programa no GNU/Linux será preciso compilá-lo, mas é
possível encontrá-lo em pacotes pré-compilados para a sua distribuição.
O Stellarium é muito simples. Isto permite que crianças, jovens e
professores sem grandes habilidades com tecnologia possam adquirir
grande destreza em seu uso. O projeto Stellarium foi iniciado por
Fabien Chéreau durante o verão de 2001. Desde o princípio, seus códigos
foram disponibilizados no Sourceforge e contaram com a expressiva
participação da comunidade de desenvolvedores. O Stellarium é
licenciado em GNU General Public Licence (GPL) e qualquer pessoa tem o
direito de fazer o download e usá-lo gratuitamente. Pode também alterá-lo e distribuir as modificações, desde que respeitando a licença livre.

O Stellarium está hospedado nos servidores do Sourceforge http://sourceforge.net/projects/stellarium/. Após clicar sobre o link da página de download,
você será levado para uma lista de servidores Sourceforge. Escolha um
que esteja geograficamente mais próximo da sua localização para
assegurar um download mais veloz e um uso mais racional da
internet. Seria muito importante que se formassem comunidades de
professores, usuários brasileiros para colaborar com o Stellarium, para
traduzi-lo inteiramente para o português e para participar de seu
desenvolvimento e melhoria. Como software livre, ele depende do envolvimento e do crescimento da comunidade de apoio.

A exploração do espaço e o estudo do seus fenômenos físicos pode ser
realizado a partir do Stellarium. Sem dúvida alguma, ele pode ser um
aglutinador de estudantes e de grupos de jovens interessados em
entender os fenômenos celestes. Quasares, pulsares, trajetória dos
astros, as estrelas variáveis, as supernovas, enfim os inúmeros
eventos. Pode ajudar a construção coletiva do conhecimento. Telecentros
e escolas podem combinar ações conjuntas. Clubes de astronomia
podem  ser montados em vários pontos do país onde existam projetos
de inclusão digital. Além disso, podemos estimular que professores de
física e programadores possam ajudar a desenvolver o Stellarium. Software livre para um universo de possibilidades.