Telecentros – A Bahia dá músculos ao Identidade Digital

Existente desde 2003, com 20 infocentros em operação, o projeto vai ganhar mais 300 unidades. Cem delas entraram em opeação no começo de junho.


Existente desde 2003, com 20
infocentros em operação, o projeto vai ganhar mais 300 unidades. Cem
delas entraram em opeação no começo de junho.
Patrícia Cornils

Os R$ 25,8 milhões a serem aplicados na implantação de 320 infocentros
na Bahia, até o final do ano, são do Fundo de Combate à Pobreza daquele
estado. Dia 10 de junho, foram inaugurados cem infocentros,
simultaneamente, em 58 municípios. Na inauguração, o governador Paulo
Souto assinou a autorização para implantar mais 200. Outros 20 já
estavam em operação, como parte do projeto Identidade Digital, criado
em 2003. A implantação dos infocentros inaugurados este mês, custou R$
9,8 milhões. Do total a ser investido, cerca de R$ 10,5 milhões
serão aplicados na aquisição de equipamentos, R$ 3,5 milhões na
adaptação dos espaços físicos e R$ 6 milhões em oficinas para a
população. O restante dos recursos é para a operação dos infocentros.

O custeio – despesas com a conexão à internet, pessoal, material e
energia – deverá ser de cerca de R$ 2,2 mil por mês. Nos locais
onde chega o Velox, serviço de banda larga da Telemar, o custo mensal
cai para R$ 1,5 mil, porque a operadora apóia o projeto, com o
fornecimento de conexão a um preço mais baixo que o comercial.
Será bancado com recursos das organizações que sediam os infocentros,
todos criados em parceria.


Todo mundo de berimbau livre.
Na primeira fase, metade dos infocentros foi implantadaem parceria com
as prefeituras, cerca de 20 com organizações não-governamentais e
outros 30 em órgãos do governo do Estado. Na segunda fase,
praticamente todos serão feitos em parceria com prefeituras. A
estratégia da Secretaria de Ciência, Tecnologia e Inovação (SECTI) para
a manutenção dos equipamentos foi incorporar o serviço nos
contratos com os fornecedores. Pelo contrato, a manutenção será feita
no local onde as máquinas estiverem operando. “Essa foi uma das razões
pelas quais decidimos fazer o projeto com máquinas novas”,
explica Emerson Casali, subsecretário de Ciência, Tecnologia e
Inovação. Mesmo porque não há mão-de-obra qualificada em todos os
municípios que receberão infocentros, diz ele. A idéia é formar,
ao longo de três anos, uma massa crítica local de “micreiros”, para dar
suporte aos centros quando acabarem os contratos.

O tempo de navegação é de 30 minutos por usuário e há dois monitores
por infocentro. O horário de funcionamento é principalmente
comercial, mas a entidade responsável tem a liberdade de ampliá-lo. O
Identidade Digital existe desde 2003, quando foi criada a Secti.
“Queríamos um projeto que vinculasse tecnologia e impacto
social”, diz Casali. “O computador é um símbolo tangível de inclusão,
principalmente na Bahia, onde há uma grande população carente”, diz
ele. Os infocentros vão ministrar oficinas de 30 horas aos seus
freqüentadores. “Esperamos capacitar 80mil pessoas”, diz Casali.

Todos os infocentros usam a solução aberta Berimbau Livre, baseada em
Debian BR-CDD, e com ambiente gráfico Gnome desenvolvido por
Aurélio Heckert, membro do Projeto Software Livre-BA. “O software livre
atende perfeitamente nossas necessidades”, diz Casali. De acordo com
ele, ao contrário do que acontece nos órgãos públicos da capital e das
grandes cidades, ainda não há cultura de software proprietário
nos municípios onde os infocentros estão. O próprio poder público é
digitalmente excluído, em parte dessas cidades. “Podemos criar
uma cultura de uso de pacotes livres e, se houver vontade, as pessoas
migram depois”, diz.