O governo de Pernambuco montou
uma rede multimídia – para comunicação de voz, transmissão de dados e
acesso à internet – que vai permitir o aumento do controle da sociedade
sobre o estado. Anamárcia Vainsencher
A primeira rede multisserviços governamental do país está começando a
funcionar, no estado de Pernambuco, para o qual a prestação de serviços
públicos apoiada em tecnologias da informação e de comunicação (TIC)
pode contribuir não só para o exercício do controle social, como para a
melhoria e ampliação do atendimento direto à sociedade, uma vez
colocadas ao seu alcance as facilidades que dão acesso às funções do
Estado e aos serviços prestados.
Por isso, a decisão de implantar a rede PE-Multidigital – voz, imagem e
dados – que interliga todo o estado não teve só o objetivo de
economizar gastos com comunicações. Teve, também, a finalidade de
incluir iniciativas articuladas entre o governo e setores sociais, com
vistas à cidadania digital, em especial pela promoção da inclusão
digital via ações que capacitem os indivíduos para a vida no mundo
digital e para o acesso universal aos meios digitais, de forma a
ampliar o controle social.
Pelo projeto da PE-Multidigital, o combate à exclusão digital deve ser
realizado através de medidas concretas visando diminuir as diferenças,
entre as classes sociais mais favorecidas e as menos favorecidas.
Assim, a rede se estende para localidades com alta concentração de
cidadãos menos favorecidos, às quais provê recursos que possibilitam
acesso à internet, capacitação para que as pessoas tanto possam navegar
pela web, como fazer uso dos serviços públicos disponíveis na internet.
Inclusão
“Vamos chegar a todos os municípios do Estado”, informa Mônica Simões
Bandeira, presidente da Agência Estadual de Tecnologia da Informação
(ATI), que desenhou o projeto da rede multidigital. Entre escolas,
delegacias, postos de saúde, hospitais, diretorias regionais, postos
fiscais, serão 2.840 unidades interligadas, acesso à internet e acesso
dedicado em banda larga. Mesmo cobrindo todo o estado e sendo
multimídia (voz, dados e imagem), a PE-Multidigital custará menos ao
governo, que gastava R$ 39 milhões em comunicações por ano (R$ 156
milhões em quatro anos) e dispenderá, nos mesmos quatro anos, R$ 83
milhões. Isso possibilitou a oferta de mais serviços à população, como
as nove salas de vídeo-conferência no interior do estado, com
capacidade de 40 pessoas cada; três na Região Metropolitana do Recife.
E 50 espaços para Cidadania Digital, cada um deles equipado com dez
computadores, impressora e telefone. São semelhantes aos telecentros e
montados em parceria entre o governo estadual e uma entidade civil
organizada local. O projeto inclui, ainda, duas unidades do Expresso
Cidadão (similar ao Poupa-Tempo de São Paulo), com capacidade para 50
mil atendimentos por mês.
A licitação para implementação da PE-Multidigital foi ganha pelo
consórcio integrado pela Siemens, Telemar e Vectra Consultoria e
Serviços, que ofereceu R$ 83 milhões por um contrato de 48 meses,
depois dos quais os ativos envolvidos passam a ser propriedade do
estado.
O projeto é abrangente. Inclui 19 mil telefones (2 mil IP e 2 mil
digitais), 2.960 links, 180 pontos de presença – PoPs, backbone IP.