Depois da Biblioteca
Demonstrativa de Brasília, a primeira da região a oferecer internet
gratuita, 22 endereços do Distrito Federal ganham telecentros.
Fernando Couto
Ela fica no meio da outrora disputada avenida W3-Sul, área nobre de
Brasília dos anos 60 que, ao longo das últimas décadas, transformou-se
em um dos problemas urbanísticos mais graves da cidade. Decadente, a
grande avenida não está totalmente entregue ao abandono. Ela ainda tem
seus atrativos, como é o caso da Biblioteca Demonstrativa de Brasília,
templo de atividades culturais que causa orgulho à matriz, a Biblioteca
Nacional, com sede no Rio de Janeiro. Com um acervo de 100 mil peças, o
reduto não atrai os 1,5 mil visitantes diários unicamente por conta dos
livros, periódicos, partituras e CDs.
Expansão
Boa parte do público freqüentador do espaço, aberto entre 7h30 e 23h,
chega ávido para utilizar um dos serviços mais disputados de Brasília:
o acesso gratuito à internet. Ao todo, são nove computadores, que podem
ser usados durante 50 minutos. Fruto de uma parceria entre a Sociedade
dos Amigos da Biblioteca com o Banco do Brasil, a iniciativa é a
primeira da região, mas não a única. Começam a ser implantados 22
telecentros comunitários na rede de bibliotecas públicas do Distrito
Federal.
A medida é resultado do esforço conjunto da Secretaria de Ciência e
Tecnologia para Inclusão Social (do Ministério da Ciência e Tecnologia)
e da Secretaria de Cultura do Distrito Federal, que disponibilizaram R$
1 milhão para o reforço das bibliotecas da capital. O secretário de
Ciência e Tecnologia para a Inclusão Social, Rodrigo Rollemberg,
acredita que os telecentros beneficiarão mais de 38 mil pessoas por
mês, aumentando o índice de freqüência nas bibliotecas em 50%, e
promovendo a inclusão digital.
O valor projeto é de R$ 1.099.711,00, verba usada para a compra de
computadores com software livre e acesso à internet, inclusive com
software em Braille, impressoras a laser e ar condicionado. Enquanto
todos os telecentros não começam a operar, é para a Biblioteca
Demonstrativa de Brasília que boa parte dos excluídos digitais segue.
Bernado Corradi Nogueira:
quase todo dia na Demonstrativa.
Naquela área do Plano Piloto, a hora de acesso à internet em cibercafés
varia de R$ 4,00 a R$ 6,00, o que torna seu acesso proibitivo para a
maioria das pessoas. Funcionando como telecentro desde julho, a
Biblioteca Demonstrativa tem enfrentado alguns desafios, como a
monopolização das máquinas por jovens que conseguem driblar a limitação
de 50 minutos para cada usuário e também o acesso a jogos, salas de
chat e sites pornográficos, considerados abusivos pela direção, uma vez
que o serviço destina-se a estudo e pesquisa.
Segundo a diretora da instituição, Maria da Conceição Moreira Salles, o
problema do acesso a sites indevidos já foi resolvido graças ao uso de
um software que bloqueia as páginas consideradas improdutivas. Já a
questão do tempo de uso das máquinas ainda se encontra sem solução. A
causa? Os microcomputadores doados pelo Banco do Brasil não conseguem
rodar o software de controle do tempo.