O modelo de inclusão digital
desenvolvido pelo Ministério da Integração Nacional – uma opção mais
barata (e com menos serviços) que um telecentro. Leandro Quintanilha
Quiosques aumentaram em 60%
o movimento nas bibliotecas.
A idéia é simples, barata e até soa despretensiosa: instalar quatro
computadores doados em bibliotecas públicas municipais e conectá-los à
internet. O Quiosque do Cidadão é uma iniciativa da Secretaria de
Desenvolvimento do Centro-Oeste, do Ministério da Integração Nacional
(MIN). O projeto, que começou no entorno do Distrito Federal em 2003,
já atingiu 70 municípios, localizados também em Goiás, no Mato Grosso e
no Mato Grosso do Sul. E está prestes a se tornar uma política
nacional.
Segundo o coordenador de tecnologia do MIN, André Wogel, estava
prevista, para maio, a entrega de 15 quiosques no interior
sul-mato-grossense e, para junho, outros 15 no vizinho Mato Grosso.
Para ser beneficiado o município tem que ter baixo índice de
desenvolvimento humano (IDH), com prioridade àqueles que não contam com
acesso à internet. Até agora, o investimento total do governo federal
foi de apenas R$ 49 mil, para atender cerca de 100 mil pessoas. “Veja
como o projeto é econômico: gastamos R$ 0,49 por usuário”, calcula
André. Em larga escala, o valor pode cair para R$ 0,25 por pessoa.
O projeto tem baixo custo porque quase toda a infra-estrutura é doada
ou cedida. E a mão-de-obra é fornecida por parceiros. Órgãos públicos,
como a Receita Federal e o Banco Central, doam as máquinas; as
prefeituras cedem o espaço e os funcionários, além de custearem o
acesso por banda larga. Nos lugares onde isso não é possível, o
ministério instala antenas para acesso via satélite, aproveitando-se o
sinal emitido para os pontos do Gesac (Governo Eletrônico – Serviço de
Atendimento ao Cidadão).
É o caso do Quiosque do Cidadão de Água Fria, município goiano de 4 mil
habitantes no entorno de Brasília. Quatro computadores que rodam software
livre foram instalados, no ano passado, na Biblioteca Municipal. “Os
principais usuários são estudantes da rede pública que vêm redigir
trabalhos escolares”, afirma a auxiliar administrativa Maria Aparecida
Moreira. Mesmo sem internet, a procura é grande. “Tivemos de limitar o
uso das máquinas ao máximo de uma hora por pessoa.” Talvez o período
tenha de ser diminuído quando a conexão via satélite for estabelecida,
nos próximos meses.
Cursos, não: CD.
Na maioria dos casos, o MIN faz a instalação dos equipamentos e do sistema operacional (software
livre) e capacita os funcionários da biblioteca hospedeira para
monitorar o quiosque. “Não damos cursos para os usuários”, esclarece
André. “A filosofia do projeto é a de aprender fazendo.” Todo Quiosque
do Cidadão recebe um CD-ROM educativo, com conteúdos sobre cidadania,
inclusão social e discriminação racial, entre outros. Nos próximos
meses, o ministério deve colocar todo isso num site.
Segundo um levantamento do MIN, 80% dos usuários dos quiosques são
crianças e adolescentes. “Isso ocorre porque muitas das bibliotecas
pertencem a escolas públicas municipais”, diz André, destacando que,
com os quiosques, o movimento, nessas bibliotecas, aumentou em 60%.
Esse fato fez com que o ministério incluísse, na plataforma, um módulo
sobre educação sexual e um guia de profissões.
O modelo de inclusão digital Quiosque do Cidadão foi exibido na 6ª
Mostra TIC do Governo Federal, realizada em abril. Venezuela, Paraguai,
Costa Rica e Jamaica manifestaram interesse em replicar a idéia.