Territórios Digitais implantou 80 Casas Digitais em 65 municípios

Programa do Ministério do Desnvolvimento Agrário, em parceria com vários outros, tem como objetivo realizar ações de desenvolvimento local, entre elas a inclusão digital.

O Projeto Territórios Digitais, do Ministério do Desenvolvimento Agrário, encerrou 2009 com 80 Casas Digitais instaladas em 65 municípios.  A meta inicial para o primeiro ano de funcionamento do projeto era implantar 30 Casas, que funcionam como telecentros comunitários. Este ano, o projeto deverá superar a meta de implantar 120 casas, uma em cada Território da Cidadania. O Territórios da Cidadania é um programa que reúne ações de desenvolvimento regional e de garantia de direitos sociais em territórios de baixo Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) do País e baixo dinamismo econômico.

“A Casa Digital foi pra gente como um bilhete premiado, a oportunidade do ano. É o início da mudança, e queremos mudar ainda mais. Agora temos muitas possibilidades abertas com o acesso à informática e internet, e temos que aproveitar e aprender para melhorar nossa vida.”

Com essas palavras, Jean Carlos Duarte da Silva, 32 anos, resume seu sentimento e de outros moradores do Assentamento 17 de Abril (Território da Cidadania do Sudeste Paraense) com relação à chegada do Projeto Territórios Digitais à comunidade. Jean Carlos, que é monitor voluntário da Casa Digital também batizada como 17 de Abril, informa que o espaço atende a mais de 600 famílias, que incluem cerca de três mil jovens do assentamento, além de mais outros dois assentamentos e dois acampamentos vizinhos.

O assentamento 17 de Abril fica a 15 km do município de Eldorado dos Carajás (PA) e a inauguração da Casa Digital, em outubro de 2008, marcou também o lançamento do Projeto Territórios Digitais, que é coordenado pelo Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA) e integra o Programa Territórios da Cidadania.

Inclusão digital para promover a inclusão social
Para desenvolver o Projeto Territórios Digitais, o MDA conta, por meio da atuação de seu Núcleo de Estudos Agrários e Desenvolvimento Rural (NEAD), com a parceria do Ministério das Comunicações (MC), além de outros órgãos federais, estados e municípios. Como principais parceiros, MDA e MC ficam responsáveis, respectivamente, pela capacitação dos usuários e pelo fornecimento e instalação dos equipamentos. Cada Casa Digital conta com dez computadores, servidor, impressora, roteador wireless, projetor multimídia (datashow), internet de alta velocidade em banda larga e mobiliário.

Esta estrutura abre as porta para a comunicação e informação nas comunidades. Na Casa Digital os agricultores, trabalhadores rurais e assentados podem acessar políticas públicas, participar de editais de programas governamentais, fazer cursos a distância, integrar redes sociais virtuais, além de buscar novos mercados e comercializar sua produção. “Minhas notas na escola melhoraram, porque temos o desafio de procurar na internet novos temas, ler coisas diferentes. Também já fiz um curso online sobre políticas públicas e controle social”, conta José Filho Araújo Santos, 16 anos, morador do Assentamento de Santana – Território da Cidadania Inhamuns Crateús, município de Monsenhor Tabosa, Ceará.

Os professores de Santana também estão fazendo pós-graduação pela internet através da Casa Digital. Antes da chegada dos computadores, o único meio de comunicação do assentamento era um telefone público, que servia às 88 famílias residentes e a outras comunidades próximas.

No Amazonas, onde já há Casas Digitais em nove Territórios da Cidadania do estado, a vida dos ribeirinhos, extrativistas, indígenas e caboclos que vivem da várzea também está mudando. “No meio da floresta ainda existe a velha prática de se reunir para assistir TV no centro comunitário. E quando se falava em internet e computador na TV, as pessoas nem sonhavam que teriam acesso a essas tecnologias tão cedo. Estamos nos empenhando para atender com mais Casas Digitais as comunidades rurais distantes, que têm produção, organização social e vida comunitária”, declara Lúcio Carril, delegado federal do MDA no Amazonas.

Integração
Ao longo de 2009, o ‘Territórios Digitais’ ganhou força e apoio de governos municipais, estaduais, e federal, agregando também a participação de universidades e estudantes que desenvolvem processos de capacitação nas áreas de educação do campo. “Parte das comunidades rurais do Brasil começou a ser inserida no mundo virtual, possibilitando, dessa forma, que seja exercido o direito da cidadania em áreas remotas. Esta nova realidade, com a mudança que traz por meio das parcerias firmadas, é que proporciona o desenvolvimento”, destaca Carlos Roberto Paiva da Silva, coordenador-geral de Acompanhamento de Projetos Especiais do MC.

E a cooperação entre as instituições será estendida e fortalecida neste ano de 2010, garante Heliomar Medeiros de Lima, diretor do Departamento de Serviços de Inclusão Digital (Governo Eletrônico – Serviço de Atendimento ao Cidadão – GESAC). “Ficamos muito satisfeitos com a parceria, porque estamos atendendo à essência do GESAC, que é alcançar as populações mais necessitadas, de assentamentos e comunidades rurais em geral”, resume.

A consultora de inclusão digital do NEAD/ MDA, Rossana Moura, estima que a meta do segundo ano de atuação do Projeto – implantar uma Casa Digital em cada um dos 120 Territórios da Cidadania – também será superada. “A expectativa é ter mais Casas por território. Já temos mais de 200 endereços registrados, indicados e deliberados pelos Colegiados Territoriais dos estados, o que significa que essas comunidades já estão confirmadas para a instalação das Casas Digitais. Além disso, os Colegiados ainda indicarão outros locais”, explica Rossana.

Memória
O projeto Territórios Digitais consiste na implantação de Casas Digitais em escolas agrícolas, sindicatos, assentamentos e comunidades rurais tradicionais, em territórios integrantes do Programa Territórios da Cidadania. O objetivo é promover a inclusão social e digital.

A concepção do Territórios Digitais foi desenvolvida com o objetivo de atender as especificidades populações do meio rural. Por isso, não há apenas a transposição de um telecentro típico do meio urbano para o rural.

O funcionamento das ações é articulado por uma equipe em Brasília, que atua no NEAD, e articuladores estaduais, territoriais, além de delegados do MDA em todo o país. A diretriz metodológica apresentada a cada estado é discutida com a comunidade, que fica responsável pela organização e gerenciamento da estrutura, após receber a capacitação. (Do Portal MDA)