Uma cobertura colaborativa e cidadã das eleições

O 48 Horas Democracia - Uma Cobertura Cidadã das Eleições 2010 ficou no ar no último final de semana, e deverá se repetir no segundo turno das eleições.

04/10/2010

Foi uma maratona, não de 42 quilômetros, mas de mais de 24 horas no ar, cobrindo as eleições. O 48 Horas Democracia – Uma Cobertura Cidadã das Eleições 2010 foi o primeiro programa colaborativo uma acompanhar eleição no Brasil, pela internet. E com interação com o público por meio de chat, Twitter, telefones e presencial, das mais de 40 pessoas que, a certa altura das apurações, se encontravam na redação da revista Fórum, em São Paulo, onde foi montado o estúdio.

Tudo começou na quarta-feira, dia 29, quando o sociólogo Sérgio Amadeu ligou para o jornalista Renato Rovai. “Conversei com o Rodrigo Savazoni, da Fli Multimídia, temos equipamentos, você topa fazer uma cobertura das eleições?”. “Topo, mas como a gente vai fazer?”. “48 horas no ar!”. Duas câmeras, equipamentos emprestados, uma boa conexão de internet e a participação de quem quisesse ir ao estúdio: Cláudio Prado, o jornalista Eugênio Bucci, a blogueira Maria Frô, o blogueiro Emerson Luis; Leandro Leonardo Sakamoto, do Repórter Brasil; representantes da Marcha das Mulheres. A transmissão pela internet começou às 10 horas de sábado e foi interrompida às 22 horas, para voltar às dez de domingo e se estender até depois das 23 horas.

Com a colaboração de centenas de pessoas, de todo o país, o acompanhamento da apuração foi feito no mesmo ritmo das tevês comerciais, mas com mais informação e, às vezes, com informação em primeira mão. O pessoal do Maranhão, por exemplo, dava conta da probabilidade de segundo turno, explicando de que região do estado vinham os votos, na medida em que eram apurados. Paulo Búfalo, candidato ao governo de São Paulo pelo PSOL, explicou por que a não contagem de seus votos, dos de Mancha (PSTU) e de Igor Grabois (PCB), com registros sub judice, poderiam favorecer a vitória de Geraldo Alckmin (PSDB) no primeiro turno. Isso não se confirmou, Alckmin ganharia mesmo com a contabilidade desses votos, mas a informação estava lá.

Foi um tanto anárquico, diz Renato Rovai, mas mostrou claramente que se pode fazer uma boa cobertura com poucos recursos, muita colaboração e uma visão diferente da visão da grande imprensa. Uma cobertura que deixou claras, inclusive, suas próprias contradições: enquanto parte dos colaboradores pedia para que se recomendasse não votar em “partidos com tendência à homofobia”, outra parte ponderou que é muito difícil provar o que seja tal coisa. E a recomendação não foi feita. Foram debatidos, entre muitos outros temas, o papel da imprensa e das pesquisas nas eleições, o tratamento dispensado a candidatas mulheres na cobertura, as pesquisas eleitorais, os embates partidários, as condições de trabalho no Brasil, a eleição de Obama e a participação da blogosfera na disputa política.

Quando a transmissão acabou, 14 mil pessoas haviam passado pelo http://48hdemocracia.com.br e ainda havia 460 acompanhando o debate. Anote o endereço, porque a ideia é repetir a cobertura no segundo turno.

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