ARede nº54, dezembro 2009 – Entre 2010 e 2011, nada menos que 10 mil monitores serão formados para atuar em 8 mil telecentros. A missão caberá à Rede Nacional de Formação para Inclusão Digital, parte do pacote de apoios que o governo federal prepara para telecentros de todo país, o Telecentros.BR, que foi apresentada no final de novembro aos participantes.
“Ainda não estão definidos os conteúdos, porque isso vai depender do interesse de cada telecentro”, explica Kiki Mori, assessora de Inclusão Digital da Secretaria de Logística e Tecnologia da Informação do Ministério do Planejamento (SLTI), que apresentou a rede de formação aos participantes da 8ª Oficina para Inclusão Digital, que se realizou em Belo Horizonte, de 24 a 27 de novembro.
Por isso mesmo, o primeiro passo da rede – cujo desenho incorporou as propostas apresentadas na consulta pública do projeto Telecentros.BR, encerrada a 29 de maio – será mapear a oferta de oficinas em diversas iniciativas do governo federal e a demanda por formação dos telecentros do programa.
Aliada ao pagamento de bolsas de 12 meses para os monitores (uma de R$ 483,01 ou duas bolsas de R$ 241,50 por telecentro), a rede de formação pretende prover cada um dos 8 mil telecentros com os recursos humanos necessários para que funcionem e se tornem espaços de apoio a projetos de sua comunidade. Para receber a bolsa, o monitor ter entre 16 e 29 anos, precisa ser membro da comunidade do entorno do telecentro e deve frequentar o ensino fundamental ou médio ou já ter concluído o ensino médio. A capacitação será realizada em um ano, com uma carga horária total de 60 a 80 horas.
A rede terá uma coordenação nacional, na SLTI. Abaixo dessa coordenação haverá cinco polos, um em cada região do país (Norte, Nordeste, Centro-Oeste, Sul, Sudeste). As entidades que vão coordenar esses pólos serão escolhidas por meio de edital, no qual o critério de seleção será a comprovação da experiência em formação para inclusão digital e a capacidade de gestão administrativa e financeira. Cada um dos polos deverá receber até R$ 2 milhões por ano e o repasse da verba será feito mediante convênio. Aos polos caberá o mapeamento da demanda regional, a definição de calendários e de conteúdos das oficinas e a remuneração dos agentes de formação.
Também por meio de edital será selecionada uma entidade para trabalhar com a coordenação nacional no monitoramento dos polos e na área de conteúdo pedadógico. Junto a esta entidade vai atuar um colegiado de conteúdos, formado por representantes de programas de inclusão digital do governo federal, Este colegiado deverá reunir os projetos de formação desses programas.
Além disso, para participar do edital dos polos e da entidade de coordenação, os candidatos deverão se comprometer a compartilhar seu conteúdo neste colegiado, que vai consolidar um banco de dados com essas informações. A partir deste banco será feita uma agenda compartilhada de formação.
A capacitação será dividida em três módulos: o primeiro, presencial, será básico e vai apresentar conceitos gerais pra o trabalho nos telecentros. O segundo será composto por temas a serem escolhidos de acordo com o interesse do telecentro onde o monitor vai atuar e será ministrado por meio de educação a distância. O terceiro será a elaboração de um projeto de intervenção na comunidade.
As diretrizes da rede de formação são: articular as iniciativas que já existem, para que trabalhem de forma conjunta; criar uma identidade coletiva entre os agentes que trabalham nos telecentros (e uma rede social entre eles) e estimular a apropriação dos telecentros pelas comunidades; e trabalhar com conteúdos transversais. O projeto aposta no processo de elaboração dos cursos por meio de debates com os pólos regionais, que vão apresentar as demandas das entidades de sua área de atuação, que, por sua vez, deverão refletir as demandas de cada telecentro. “A arquitetura é complexa, mas queremos chegar a um pacote simples de formação”, explica Kiki.
Para ser realizado no prazo proposto, o projeto precisa fazer seu primeiro desembolso de recursos até o final de junho de 2010, prazo estabalecido em função da eleição do próxmo ano. Para que isso aconteça, o edital precisa sair até janeiro e a seleção e a realização dos convênios tem que acontecer até o final de abril.