Você conhece o GIL?

É o sistema de Gerenciamento de Informações Locais, criado pelo Datasus.


Não, não é o ministro brasileiro da Cultura, Gilberto Gil, mas as
iniciais de Gerenciamento de Informações Locais, um sistema
desenvolvido pelo Datasus para sistematizar as ações no atendimento dos
estabelecimentos de saúde, e melhorar a sua gestão. Essa ferramenta,
segundo o Datasus, pode ser instalada em qualquer estabelecimento
assistencial de saúde (EAS) da rede ambulatorial básica do SUS (Sistema
Único de Saúde), independente de seu porte, ou grau de complexidade.
Seu objetivo final é a integração completa com todos os sistemas do
Datasus relacionados à atenção básica.


Capacitação para uso do GIL,
em Palmas (TO).

Através de uma única entrada de dados, o GIL tem mil e uma utilidades,
como agendar atendimentos; registrar as aplicações e esquemas de
vacinação; cadastrar e acompanhar gestantes do programa de Humanização
no Pré-Natal e Nascimento; coletar dados dos atendimentos realizados
pelas equipes do Programa de Agentes Comunitários de Saúde e do
Programa de Saúde da Família, entre outras.

O foco do gerenciador é evitar o retrabalho, resume Levi Faustino,
líder de equipe do projeto no Datasus. Mas quem usa o sistema? O
Datasus não sabe, porque quem baixou o GIL do portal do Datasus, até
agora, não precisou se identificar. “A adesão é livre, pela internet”,
diz Levi, acrescentando que, a partir da próxima atualização, a
identificação será obrigatória.

Em tese, o GIL pode trabalhar em rede remota, mas essa opção ainda não
foi homologada. O ambiente operacional utilizado pelo gerenciador é o
Windows 98 ou superior. E, para trabalhar em ambiente Linux, deve ser
usado o emulador Wine. Segundo o Datasus, o gerenciador é simples de
usar, mas demanda treinamento básico dos profissionais envolvidos.

Um de seus maiores entusiastas, “caixeiro-viajante” da saúde, Deusdeth
Silva, “está” diretor de auditoria na Secretaria Municipal de Saúde de
Itabirito (MG), envolvido em uma “manobra perigosa” para implantar o
gerenciador. Para ele, o sistema “humaniza” o atendimento, além de
racionalizar o trabalho do agente comunitário de saúde. “Antes, o
agente tinha de fazer sete visitas a um domicílio, cada uma para
registrar uma ocorrência para determinado sistema. Com o GIL, é um
cadastro só,” relata ele.

Outra vantagem do sistema é que ele trabalha com atenção básica,
promoção e prevenção, sem intervenção. Deusdeth mostra por que é
essencial prevenir. Detectado em tempo, o câncer no colo do útero é
100% curável, um procedimento que custa, em média R$ 23,00. Já o
tratamento inicial do tumor sai entre R$ 7 mil e R$ 8 mil. Se o
carcinoma deitou raiz, tratá-lo não sai por menos de R$ 45 mil a R$ 65
mil, com ações de quimioterapia ou radioterapia. “Gastando R$ 8 mil,
recupera-se 82% das mulheres doentes. Se são R$ 60 mil, morrem 82%
delas”, destaca ele, acrescentando que os procedimentos mais caros do
país são os do câncer, cesariana e internação em UTI (Unidade de
Terapia Intensiva).


Treinamento do GIL, Datasus.

Elogios à parte, não tem sido fácil instalar o GIL em Itabirito, entre
outros motivos porque a cidade tinha a cultura da especialização, uma
pedra no meio do caminho para privilegiar a atenção básica. Sem essa
atenção preventiva, a cidade é a que tem maior número de infartos do
país, conta Deusdeth. Dos cerca de 14 postos de saúde do município, 90%
estão informatizados, mas não interconectados porque têm a opção de
trabalhar offline.
Todos dispõem do serviço de banda larga da Oi, o Velox. Quanto às
dificuldades do uso do gerenciador, ele diz que a “primeira e pior” é o
desnível do conhecimento técnico em saúde, o que gera “guetos”, que têm
verdadeiro pavor à idéia de compartilhamento. Ou seja, a resistência ao
GIL é total, porque o sistema acaba com tudo isso. “Antes dele, não
havia relatórios gerenciais, só de faturamento, porque o Ministério da
Saúde paga por produção. Os dados eram furados, as informações passadas
ao Datasus não eram confiáveis”, lembra ele. “Informatização sem
planejamento é o caos”, avalia. Obstáculos superados, colocar o
gerenciador em operação pode levar um ano.

Além do GIL, o mesmo Datasus criou o Integrador, sistema que trabalha
em ambiente de código aberto destinado a receber as informações
produzidas pelo gerenciador. Duas soluções desenvolvidas na mesma
instituição, a partir de conceitos diversos. Enquanto isso, em Pirapora
(MG), o programador Rubens B. de Oliveira, para atender à demanda da
região Norte do estado, reuniu os dois e produziu o Siages, uma solução
web
para gestão da saúde pública, e que implementa o prontuário eletrônico
(ou digital) único do paciente. Um componente crucial para um sistema
de saúde, em cuja construção todos os países estão engajados, enfatiza
o consultor em saúde Guilherme Hummel.

Programador especializado em saúde há mais de uma década, Rubens e sua
Bios Informática produziram o Siages originalmente em plataforma Delphi
sobre Windows e Firebird, mas que já tem quase um terço reescrito em
PHP e MySQL. O software
está instalado em quatro hospitais públicos municipais, e deve ir para
Ouro Preto e Itabirito. Segundo Rubens, um dos limites do GIL é não
funcionar bem em rede; tem erros de processamento inexplicáveis cujas
soluções demoram muito; é de difícil operacionalização para quem
desconhece informática. “É um sistema difícil para o interior”, observa
ele.

Caçada ao mosquito


Em Fortaleza (CE), Coleta de
informação em campo.

E também a outros males causados por zoonoses (designação genérica das
doenças provocadas por animais), e controle não só da dengue, causada
pela picada do aedes egypti,
como de outras doenças epidêmicas, por exemplo, chagas,
esquistossomose, hanseníase,  leishmaniose, malária, tuberculose,
que ainda tiram a vida de milhares de brasileiros. Ajudar a vencer essa
guerra no menor espaço de tempo possível é o objetivo do Webdengue
(apesar do seu nome original, o framework pode ter a sua ação
ampliada), um arcabouço computacional que pode agilizar o combate a
epidemias, portanto evitar perdas de vidas, além de reduzir os gastos
das secretarias de saúde.

O sistema foi testado em Fortaleza (CE) e está em vias de aquisição
pela secretaria local de saúde, segundo informa o “pai” da criança, o
doutor em Ciência da Computação Marcos José Negreiros. Quanto ao
Ministério da Saúde, vê o sistema “com simpatia”. O Webdengue foi
testado durante dois anos numa regional da capital cearense onde moram
400 mil pessoas e cuja área é o equivalente a um terço da área da
cidade. O teste incluiu o levantamento dos pontos de ocorrência
acentuada de focos do mosquito, e visitas casa a casa, quadra a quadra,
entre outras ações. A solução é comercializada como serviço pela
Graphvs Informática, e seu custo, segundo Negreiros, depende do tamanho
da região a ser controlada. No caso de Fortaleza, onde há 600 mil
imóveis e foram detectados 2 milhões de habitantes contaminados, o
suporte ao sistema, treinamento e as dez pessoas da equipe vão custar
de R$ 35 mil a R$ 40 mil mensais. “Muitíssimo menos do que os R$ 675
mil por mês gastos atualmente no combate à dengue, contabilizados
apenas os salários de 1,5 mil agentes sanitaristas,” argumenta o
especialista.

A tecnologia para o controle de doenças é formada por um conjunto de
sistemas que interagem entre si para tratar de forma integrada e rápida
as informações relacionadas às operações de controle e combate, e ao
acompanhamento da evolução da doença em humanos. A idéia é que o tempo
de processamento da informação caia de 15 a 30 dias para um a dois
dias, ao mesmo tempo em que aumenta a precisão da informação para a
tomada da decisão de distribuição de recursos. O sistema é uma
“miscelânea” tecnológica, diz Negreiros. Feito em PHP, usa
geoprocessador (Arc-Internet Mapping System ESRI) e sistemas para palmtops (quando esses computadores de mão são usados para coleta de informações).


www.graphvs.com.br

http://gil.datasus.gov.br — Informações detalhadas sobre o GIL
gil@listas.datasus.gov.br ou datasusUF@saude.gov.br
http://gil.datasus.gov.br/duvidas.php — Apresentação do GIL em PPT
gerenciadordeinformacoes@yahoogrupos.com.br — Fórum
Informações sobre a implantação do GIL (UF desejada).